quarta-feira, 20 de abril de 2011

Fronteira Indígena - Semana da Consciência Indígena – Abril 2011





Semana da Consciência Indígena – Abril 2011
O CEPAIA - Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos, da UNEB, realiza entre os dias 18 e 20 de abril a Semana da Consciência Indígena, evento alusivo à celebração ao Dia do Índio.

O evento contou com a parceria da Associação Nacional de Ação Indigenista - ANAÍ. Para a mesa redonda no auditório da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia – UFBA, na Federação – São Lázaro, em Salvador. Para esta parte da programação convidei o cacique Juvenal Payayá. Fui com minha esposa Natalina Bomfim e nosso filho Yã Bomfim Ribeiro.

Presidiu a mesa redonda a Profª Drª Maria do Rosário Gonçalves de Carvalho. O antropólogo José Augusto Laranjeiras Sampaio, o Guga, como é carinhosamente chamado por amigos e colegas, fez a abertura focando entre alguns aspectos históricos alguns dados demográficos quanto as evoluções e lutas por retomadas e afirmações dos povos indígenas, destacando as ações entre os Potiguara e os Kiriri entre as décadas de 70 e 80, respectivamente.

Os convidados para a mesa foram Glicéria Tupinambá e seu irmão, o cacique Babau Tupinambá, que vivem na Serra do Padeiro, município de Buerarema na Bahia. Eles se tornaram bastante visibilizados por estarem sendo criminalizados em virtude do “modo de luta Tupinambá”, digo, por lutarem pelo cumprimento dos direitos que estão sendo negados – como o direito de viver em suas terras – onde vivem desde os tempos antigos onde seus ancestrais “nasceram os dentes”.

Glicéria, liderança feminina entre as mulheres Tupinambá destacou que o direito não se negocia e que estão sendo criminalizados porque buscam por seus direitos. Babau que passou por 8 penitenciárias, dentro e fora do Estado da Bahia, ficou preso em um presídio de segurança máxima, citou sobre a liderança Pataxó, Joel Braz que não pode vir a este encontro por motivos de segurança. Babau falou de projetos de roças, educação, centro de informática, dos valores culturais e espirituais, inclusive de os Tupinambá são apenas 20% matéria e 80% por conta dos Encantados e para estes que eles vivem e lutam.

O pensamento-chave que marcou a posição dos participantes da mesa e dos presentes no plenário é de que há em nossa sociedade (ainda) um preconceito de os índios não têm um lugar no presente e que devem se contentar com seu um lugar no passado. Que pena que com este conceito se manda matar, espoliar, criminalizar, em pleno séculos XXI – todo(a)s aqueles e aquelas que não foram extintos, mas que, “aldeados”, “moídos”, “dissolvidos”, “assimilados” assumem a sua identidade étnica e lutam por seus direitos legítimos num Estado democrático.

A fim de que tenha a mobilização indígena, mais fóruns de discussão, reflexão e ação, Babau disse nesta mesa redonda que tem muito interesse em articular os parentes de todo o território brasileiro, inclusive caciques e outras lideranças. Um destes encontros já está previsto para acontecer em Brasília – DF.


Enfim, há que se agilizar a demarcação e desintrusão de terras indígenas e que acabemos com a crescente criminalização de lideranças indígenas, quer na Bahia e demais Estados do território nacional.

Sobre as comemorações a antropóloga Celene Fonseca, integrante da comissão organizadora do CEPAIA, assevera: “Comemorações são importantes quando acompanhadas de reflexões sobre o tema. Nessa semana, nosso objetivo é debater a real situação dos índios na atualidade. Não basta colorir os rostos das crianças com pinturas faciais que lembram os indígenas. É preciso refletir sobre a situação dos povos originários e o seu lugar na sociedade brasileira”.

A programação contou com outras atividades, em outros espaços da capital do Estado, entre estas, a palestra “Os povos indígenas na Bahia” ministrada por Nádia Acauã Tupinambá, representante indígena no Conselho Estadual de Cultura.

A Semana da Consciência Indígena contou com apoio da Secretaria Estadual de Cultura (SECULT), da Fundação Cultural do Estado (Funceb), do programa Educação e Profissionalização para a Igualdade Racial e de Gênero (CEAFRO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do Espaço Cultural Pierre Verger, da Associação de Arte, Meio Ambiente, Educação e Idosos (Amei) e do Cineteatro Solar Boa Vista.

Fonte:
http://www.uneb.br/2011/04/15/cepaia-promove-seminario-em-celebracao-ao-dia-do-indio/

Fotos de Babau e Glicéria: http://paulosuess.blogspot.com/2010_06_30_archive.html
Imagem do mapa da ameríndia Uma Terra Sem Males: campanhaguarani.org.br

Imagem com os 3 arqueiros:
Google imagens

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