segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Encontro dos povos indígenas falantes das línguas Tupi Mondé e Rama Rama

Encontro dos povos indígenas falantes das línguas Tupi Mondé e Rama Rama
Publicado em 26 de fevereiro de 2012 por Marcelo Manzatti

Entre os dias 20 e 21 de fevereiro, em pleno Carnaval, no auditório da sede da Associação Metareilá do Povo Paiter Suruí, no distrito de Riozinho, em Cacoal-RO, ocorreu o I Encontro do Corredor Tupi Mondé, com a participação expressiva de líderes de comunidades e associações dos povos indígenas falantes das línguas Tupi-Mondé e Rama Rama: Paiter (Suruí), Karo (Arara), Pádèrej (Cinta Larga), Ikolen (Gavião) e Pangyjej (Zoró). O Encontro foi realizado pela Metareilá e pela Kanindé, com apoio das associações indígenas do Corredor Tupi Mondé, do Parlamento Paiter, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA/RO), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM/RO), das Fundações Skoll e Moore, da FUNAI e do Projeto Conservação da Biodiversidade em Terras Públicas na Amazônia. A participação no Encontro superou em muito os 27 representantes indígenas e 20 brancos assessores/convidados esperados: no primeiro dia, estiveram presentes 68 participantes – entre indígenas Apurinã (1), Arara (4), Cinta Larga (10), Gavião (9), Suruí (21) e Zoró (6), e brancos (17) representando organizações parceiras e convidadas; e no segundo dia, 53 participantes deram continuidade aos trabalhos – entre indígenas Apurinã (1), Arara (4), Cinta Larga (8), Gavião (8), Suruí (16) e Zoró (7), e brancos (9).

Dentre os representantes de instituições parceiras e convidadas, destacaram-se as presenças de Marcos Apurinã (Coordenador Geral da COIAB), Urariwé Suruí (Coordenador Regional da FUNAI de Cacoal), Naraiagoteme Suruí (Gerente Indígena da SEDAM), Júlio Naraykosar Suruí (Coordenador de Assuntos Indígenas da Prefeitura Municipal de Cacoal), um representante da Secretaria dos Esportes, da Cultura e do Lazer (SECEL/RO), a vereadora Ligia Neiva (PTB) do município de Rondolândia-MT, que apoia o povo Zoró na área de educação, e demais assessores das associações indígenas.

O encontro foi convocado com o objetivo de promover a discussão e construir entendimentos coletivos entre os cinco povos sobre a gestão etnoambiental e cultural do Corredor Tupi Mondé. A programação começou no primeiro dia com uma série de palestras e exposições em painéis e mesas, seguidas de debates, sobre os seguintes temas: análise de conjuntura; cultura; gestão territorial e ambiental; e associativismo e redes sociais – nas quais participaram indígenas e brancos (assessores e representantes de órgãos públicos federais e estaduais)



Ao final do primeiro dia foram constituídos quatro grupos de trabalho, compostos com representantes de todos os povos presentes ao encontro para, em torno de perguntas orientadoras, construir entendimentos e apresentar propostas sobre: o que é o Corredor; quais os tipos de articulação e de atuação possíveis entre os povos no Corredor; e a gestão territorial e ambiental do Corredor.



Retomando as atividades na manhã do segundo dia, após as apresentações dos resultados dos grupos de trabalho, seguiu-se um debate em torno do melhor arranjo para articular os povos indígenas do Corredor, suas comunidades e associações, e fez-se uma rápida sistematização do principais problemas, desafios e propostas levantados, de modo a constituir uma agenda/pauta para o prosseguimento das ações no Corredor pelos povos indígenas. Tirou-se a composição de uma “comissão provisória”, que se reunirá no próximo dia 09 abril, com apoio dos recursos das próprias associações, de modo a consolidar a agenda e avançar na definição da estrutura de governança do Corredor – que deve, no futuro, incorporar representantes dos povos e comunidades tradicionais agroextrativistas, que vivem nas reservas extrativistas estaduais ao norte do Corredor (conforme entendimento construído durante o encontro).

A plenária do encontro também aprovou o encaminhamento de cinco manifestações a autoridades federais e estaduais – notadamente, a Presidenta Dilma, o Presidente do Congresso Nacional e os governadores de Mato Grosso e Rondônia – renovando demandas do movimento indígena, cobrando compromissos assumidos por essas autoridades em diferentes momentos e exigindo maior participação indígena nos assuntos que lhes dizem respeito – em especial, medidas legislativas ou administrativas que os afetam. Aproveitando-se a presença do Coordenador Geral da COIAB, Marcos Apurinã, também foi repassada e revista a agenda política do movimento indígena para os próximos meses, que inclui, entre outros: o processo de regulamentação do direito de consulta previsto na Convenção 169 da OIT; uma assembleia extraordinária da COIAB entre os dias 27 a 31 de março próximo, em Manaus/AM; e a realização do Acampamento Terra Livre (ATL) 2012 no âmbito da Cúpula dos Povos que precede a Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro/RJ.

Fonte: http://www.famalia.com.br/?p=11069

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Temas de vanguarda em Seminário de Educação em Umbuzeiro - PB



A minha participação no VII Seminário de Educação do Município de Umbuzeiro/PB, cujo temário Por uma Educação que valorize a Pessoa Humana e o Meio Ambiente, para minha imensa alegria e honra, foi uma indicação da Profª Drª PhD Graça Graúna, em virtude de solicitação originada pelo Prof. Antonio Agostinho Silva, membro da Secretaria Municipal de Educação do município de Umbuzeiro no Estado da Paraíba, o qual aceitou e convidou-me.

Fui acolhido pela secretária de Educação desse município, profª Maria Conceição Brito, pelos seus auxiliares, entre esses, o querido prof. Antpnio Agostinho Silva e, após o VII Seminário participei de uma animada roda de conversas com algumas educadoras, entre essas, destaco as professoras Terezinha Araújo Barreto, Nanci de Paula Vilanova e Ladjana. Meu translado Recife x Umbuzeiro e Umbuzeiro x Recife foi através do senhor Hélio - amável e hábil condutor.

Ao término, como singelas lembranças minhas e de Graça Graúna, brindei os professores com livros, livretos e jornais – os quais têm como temas: a causa indígena, literatura (poesias, tankas, trovas), direitos indígenas e educação ambiental. Socializamos pastas com arquivos diversos sobre os temas das palestras. Aporte esse que poderá referenciar pesquisas e estudos a professores, pesquisadores, estudantes e demais interessados nos temas das palestras.
Leia abaixo release do aludido evento.

RELEASE


Realizado em 06 de Fevereiro de 2012, o VII Seminário de Educação do Município de Umbuzeiro/PB com o temário: “Por uma Educação que valorize a Pessoa Humana e o Meio Ambiente”, teve como público alvo os mais de 200 Professores da Rede Municipal de Ensino, e apresentou como objetivos a realização de uma abordagem mais específica no que se refere à aplicação da Lei 11.645/08, que trata da obrigatoriedade do ensino da História da África, dos Povos Indígenas e das Culturas Afro-brasileira nas escolas, com um recorte específico na temática que trata dos Direitos Humanos. Contou com a ilustre participação como palestrante do Professor Ademario Ribeiro, que dirigiu os trabalhos realizados durante o dia.

Em um segundo momento foi proferido uma palestra sobre Educação Ambiental, um tema de bastante relevância, e que ora se apresenta como tema integrante dos Projetos Pedagógicos desenvolvidos nas escolas. Os referidos temas foram escolhidos de acordo com prioridades estabelecidas no Plano de Metas – PDE, em consonância com Plano de Ações Articuladas – PAR do Município de Umbuzeiro/PB, ao qual contemplam planos de formação nas áreas de Educação em Direitos Humanos, Educação Ambiental e Educação para a Diversidade das Relações Étnicoraciais.

Maria da Conceição Brito
Secretária de Educação do Município de Umbuzeiro/PB.

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Enfim, os professores e estudantes presentes, entoaram seus maracás e cantaram Koyra (Tempo de agora) em Tupi - Português, ao sairem para a "merenda". Voltaram a entoar os maracás ao cantarem Celebração , poesia e música que evocam os quatro elementos da Mãe Terra em seus ciclos biogeoquímicos para manutenção da Vida!

Direitos Humanos, Educação, Educação Ambiental, Relação Sociedade e Natureza, as Histórias e Culturas dos Povos e naquele momento -, dos Indígenas, assim como os Direitos de Crianças e Adolescetes (fizemos também esse recorte com uma Linha do Tempo) - todos são sim, vanguardas na Educação e na Aventura Humana na Terra. O Amor, a Ternura, o Respeito a Diversidade - são vanguradas. Porque só ums Educação Emancipadora - livre de correntes, mordaças - pode dignificar e elevar as pessoas a serem cada vez mais felizes em Ser e Estar em seu lugar e no mundo!

Crédito das fotos: Secretaria Municipal de Educação de Umbuzeiro - PB.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CARTA DE PORTO ALEGRE

CARTA DE PORTO ALEGRE

AOS NOSSOS IRMÃOS E IRMÃS, POVOS E ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL E DO MUNDO

Nós, representantes de Povos Indígenas e dirigentes de organizações indígenas do Brasil, membros das organizações que compõem a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME; Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB; Articulação dos Povos Indígenas do Sul - ARPINSUL; Grande Assembléia do Povo Guarani - ATY GUASU; Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal – ARPIPAN y Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste - ARPINSUDESTE), reunidos na cidade de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, durante os dias 29 a 31 de janeiro de 2012, após participarmos do Foro Social Temático: crise do capitalismo, justiça social e ambiental e da Assembléia dos Movimentos Sociais, realizados no período de 24 a 28, visando a Cúpula dos Povos e a “Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD)”- Rio + 20, que serão realizados no mês de junho deste ano na cidade de Rio de Janeiro.

Diante os diferentes processos de organização, preparação e participação para a Conferência Rio + 20, manifestamos às nossas organizações irmãs da Abya Yala, Coordenadora de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), Conselho Indígena da América Central (CICA) e outras organizações indígenas deste continente e do mundo, o nosso posicionamento sobre estes processos.

Primeiro – Considerando a importância das problemáticas e temas diversos agendados pelas Nações Unidas, em razão de seus evidentes impactos sobre a vida dos nossos povos, registramos o nosso desacordo pela forma como os organismos oficiais envolvidos, alguns sob coordenação de indígenas em nível nacional e internacional, tem agido, centrando em indivíduos a organização da agenda global nos aspectos que nos afetam.

Segundo – Repudiamos o fato de que tenham ignorado até o momento a participação dos nossos dirigentes e organizações do Brasil e da Abya Yala nesses processos, dizendo que estas não representam aos nossos povos e que no caso do Brasil somente existem duas organizações que seriam as representativas, o Comitê Intertribal e o Conselho Nacional de Mulheres Indígenas (CONAMI).

Terceiro – Queremos esclarecer aos nossos irmãos e irmãs do Brasil e do mundo que estas organizações estão coordenadas por pessoas que trabalham no órgão indigenista oficial, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), de vinculação questionável junto às comunidades indígenas. Já as nossas organizações, que como toda organização social podem ter os seus problemas, na história do movimento indígena brasileiro, são atuantes, tem pautas de luta junto a suas bases e tem sido importantes, sob coordenação da APIB, nas dinâmicas de incidência junto o governo federal e nas ações reivindicatórias dos nossos povos e organizações.

Por conta destas lutas nos espaços institucionais e sobretudo pelas lutas concretas que se desenvolvem nas nossas bases em defesa das nossas terras e territórios, contra o latifúndio, o monocultivo, o agronegócio, os grandes empreendimentos como as hidrelétricas, portos, estradas e o extrativismo industrial (madeireiro, mineiro, entre outros), muitos dos nossos líderes de organizações e associações locais tem sido assassinados, são perseguidos e presos arbitrariamente. No ano de 2010 foram assassinados 63 irmãos nossos sem que haja havido ate o momento, por parte do poder judiciário, o julgamento e a condenação dos autores intelectuais e executores.

Jamais admitiremos que esta realidade e trajetória de luta seja ignorada e desrespeitada.

Quarto – Perante estes fatos reafirmamos que não reconhecemos dinâmicas, instâncias e iniciativas que não tenham passado por processos de consulta e coordenação com as nossas organizações, fazendo exatamente o que os governos costumam fazer ao violar frequentemente o nosso direito à consulta livre, prévia e informada, estabelecido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Concretamente, ressalvando o respeito aos nossos irmãos e irmãs que ali comparecerão, não reconhecemos que a Karioca II seja o espaço de discussão da agenda global da Rio + 20 e de outras questões que nos afetam enquanto povos, pois trata-se de uma iniciativa claramente de caráter oficial desvinculada da realidade social e política, dos problemas concretos dos nossos povos e comunidades.

Quinto – Reafirmamos perante todos os nossos irmãos e irmãs, os diferentes órgãos governamentais, organizações não governamentais e as mais diversas organizações políticas, sociais e populares do Brasil e do mundo que o espaço de discussões da agenda global e da pauta específica dos povos e comunidades indígenas será o Acampamento Terra Livre (ATL), pelo Bom Viver e Vida Plena, no Rio de Janeiro, no contexto da Cúpula dos Povos e da Conferência das Nações Unidas.

Esclarecemos que o Acampamento Terra Livre até agora tem sido a maior ação política que os nossos povos e organizações tem desenvolvido anualmente a partir de 2004, reunindo aproximadamente 1000 lideranças indígenas para discutir os seus problemas, demandas, reivindicações e propostas comuns diante o Estado brasileiro. Neste ano decidimos realizá-lo no Rio de Janeiro, com o propósito de internacionalizá-lo e com a esperança de fazer dele um espaço de convergência com os nossos irmãos e irmãs do mundo que virão à Cúpula dos Povos e à Conferência da ONU.

Sexto – Para concluir, convocamos a todos os povos, organizações e lideranças indígenas do Brasil e do mundo para que se juntem conosco com o objetivo de mostrar aos governos e corporações transnacionais, que apesar das distâncias geográficas, de línguas e outras diferenças, estamos unidos, temos problemas semelhantes, direitos, necessidades e aspirações comuns pelas quais deveremos lutar e incidir nos distintos espaços nacionais e internacionais durante e muito além da Rio + 20.

Pelo Bem Viver e a Vida Plena dos Nossos Povos

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – ABIB

Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 31 de janeiro de 2012.

Fonte: Enviado por Uilton Tuxá, via Grupo de Culturas Populares - uiltontuxa.ba@ig.com.br

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Apelo: Os Tupinambá de Olivença

Repúdio Contra a Polícia Federal de Ilhéus - Bahia

O MUPOIBA vem a público repudiar a atuação da policia Federal de Ilhéus-Ba contra o povo Tupinambá de Olivença da Aldeia Tukumã que se localiza, próximo ao Lençóis do Município de Una , a comunidade foi surpreendida Pela Polícia Federal hoje, quarta – feira 0 1 de fevereiro de 2012, as 6:00 horas da manhã com as ações de violência para cumprimento do mandato de reintegração de posse por um grupo do Estado de São Paulo que se diz supostos donos da Aldeia Indígena TuKumã, chegaram empurrando a porta , colocando todos como refém sem o menor respeito com as crianças , anciões, inclusive um adolescente de 15 anos, Kálisson foi obrigado entrar no camburão se não iam algemá-lo, e começou a insultar as pessoas destratando como animais selvagens. Colocaram todos os homens pra fora com força e abuso do poder, deixando só as mulheres e deu prazo de meia Hora pra retirarem os pertences, ou iam demolir em cima de todos e tudo o que tinha dentro, deixando todos em pânicos. Foram obrigados a entrarem no Camburão, inclusive um professor do IFBA que veio em apoio solidário, foi colocado na parede como bandido para ser revistado e o parente por nome de Eugênio Crispim que cantou uma música do ritual, foi retirado bruscamente pelo braço e obrigado a ajoelhar com as mãos na nuca sobre a mira de armas como se fosse um marginal. Nesse momento chovia muito e ele obrigou a Crispim mostrar os documentos que ficou por duas horas ajoelhado. Aos poucos foram liberando pessoas e duas Lideranças Katiúscia e Jailson ficaram detidos até assinar o documento de reintegração de posse , os dois foram forçados a assinarem outros documentos que não condiziam com a ação, e ainda sobre ameaça de prisão e pressão psicológica.

Foram 25 casas, 01 galpão, 01 casa de farinha, roças de mandioca, roça de amendoim, roças de mamão, roças de maracujá,roças de melancia, roças de feijão de corda, roças de milho,roças de banana e outras frutas como: abacate, Jamelão , laranja e ainda criação de 150 galinhas coletivas, 02 cavalos que pertenciam a comunidade.

A aldeia Tukuman tem oitocentos hectares e esta dentro do território do povo Tupinambá de Olivença, que teve seus estudos de reconhecimentos publicados no diário oficial da União pelo o Ministério da Justiça em 17 de abril de 2009

Diante do exposto solicitamos que:
a secretaria de Direitos Humanos do Estado da Bahia e da Presidência da republica,
Câmara dos Deputados Federal e da Câmara dos Deputados Estadual,
O ministério da Justiça
O Ministério Publica Federal e 6ª Câmara
Possam apurar as arbitrariedades cometidas pela Policia Federal

Secretaria de Articulação e Mobilização do Mupoiba:

Agnaldo Pataxó Hã Hã Hãe: 73 8167 1767
Nádia Akauã: 73 8167-1767

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Alceu -, nossa Valença!

Aqui agora não vou falar dos meus sentimentos ao Alceu Valença (AV). Se para ele -, o Velho Quiabo - personagem seu é seu alter-ego -, (AV) poderia vir a ser o meu. Para não enlouquecer fui segurando as pontas. Dediquei-lhe algumas invencionices artístico-literárias, inclusive, "Invasão do Meu Coração", uma peça teatral -, também dedicada a outro Mestre, Gonzaguinha - Luiz Gonzaga Júnior, no início dos anos 80. Daí já dá para "sentir" a minha sintonia com o que ele produz, infere, resgate e redemenciona e valoriza na e pela Cultura Brasileira, esse hibrismo da multiculturalidade - são atitudes de gênio. Claro, também sou muita gente, ente, bicho, planta, riacho - sou guloso e vivo de interpretar/incorporar/assemelhar e caminhar com O Outro e só me dessassogo com o que é dessemelhante.

Desejo aqui e agora apenas divulgar o que encontrei em seu site oficial http://www.alceuvalenca.com.br/ e que você poderá vê-lo mais inteiro e ouvi-lo. Poderá também acessar a matéria no http://oglobo.globo.com/cultura/alceu-valenca-celebrado-no-carnaval-de-recife-3790532#ixzz1kxYkTtde

Vamos lá!

"O GLOBO – Segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Silvio Essinger – Segundo Caderno


Nascido há 65 anos, na pequena cidade de São Bento do Una, no interior de Pernambuco, Alceu Valença se mudou com a família para Recife aos 9. E lá descobriu uma música tão fascinante quanto os aboios, as emboladas e o canto dos violeiros que ouvira na sertaneja primeira infância. Afinal, ele fora morar na Rua Palmares, um verdadeiro carnavalódromo.

— Eu via passar a maioria dos blocos que iam para o centro da cidade — conta o cantor, que ali então tomou contato com frevos, maracatus e caboclinhos que, anos mais tarde, fariam parte de sua música. Essa mesma que, em 2012, será homenageada pelo carnaval multicultural de Recife.

No ano em que completa 40 de carreira (que serão marcados também pelo lançamento de um DVD ao vivo e de seu primeiro filme como diretor e roteirista), o autor de frevos e de sucessos que viraram hinos da folia, como "Bicho maluco beleza", "Coração bobo" e "Estação da luz", ganha, dia 17, sexta-feira de carnaval, no Marco Zero, um show no qual Ney Matogrosso, Pitty, Criolo, Lenine, Otto, Lirinha e Karina Buhr irão reler suas composições.

— Vamos mostrar um Alceu mais inserido no contexto das novas gerações, que não o conhecem tão bem — conta Pupilo, baterista da Nação Zumbi, diretor musical do espetáculo.

Alceu, por sua vez, faz no carnaval uma maratona de shows por Recife, que começa no Baile Municipal (sexta) e segue pelo Galo da Madrugada (sábado), pelos polos de Ibura (domingo) e do Chão de Estrelas (segunda), fechando no Marco Zero (terça). É um agito a mais para quem está acostumado a acompanhar os festejos de Momo da vizinha Olinda, na sacada de sua casa, a "sede Olinda", que há muito virou ponto turístico da cidade. Passando por lá, o povo grita "Alceu, Alceu, Alceu!" quando ele aparece na janela.

— Um dia, um cara subiu numa escada que estava sendo usada para pintar uma sacada e apareceu no primeiro andar para fotografar a minha casa! — diverte-se.

Ele vê toda essa festa no carnaval como um grande tributo a Pernambuco, terra da qual se considera "um espelho que deu certo".

— Eu divido essa homenagem com os maestros Duda, Clóvis Pereira, Nelson Ferreira, Menezes, Formiga... e com o povo pernambucano, que luta pela sua maneira de se exprimir. Porque as rádios de Pernambuco não tocam mais a música de Pernambuco — alerta. — O que se toca aqui é muita música sertaneja, muita música baiana. Há 15 anos, assim que acabava o réveillon, começava o carnaval. Agora, só tocam a música de carnaval no dia em que ele começa. Música nenhuma será sucesso desse jeito.

O problema, diz Alceu, é que "o bailão tomou conta do sertão".

— O Brasil está com uma trilha sonora ridícula. O que se ouve em rádio não tem nada a ver com o Brasil. Ou vai para o lado americanalhado, dos cantores que ficam fanhosos para parecerem texanos, ou da obrigatoriedade de ser brega, de ter mau gosto — fuzila.

Por trás da dureza das críticas, está um artista com horror a modismos e dogmatismos.

— Na faculdade, existia uma briga muito grande entre chiquistas e caetanistas. Nunca me envolvi, porque os dois são bons — diz ele, que celebra em 2012 os 40 anos do lançamento do primeiro LP, com o cantor Geraldo Azevedo.

Os dois se conheceram no Rio, onde Alceu tinha arrumado emprego e apenas flertava com a música. Após ouvir algumas composições do iniciante, Geraldo o convidou para ir à sua casa no dia seguinte.

— Lá, ele me mostrou uma música e eu saí psicografando a letra, de uma canetada só. Era "Talismã" — conta Alceu.

Só quem não gostou dela foram os militares, que chamaram o cantor para uma conversa sobre a letra. Nela, o nome Joana aparecia perto da palavra "viagem", o que, segundo a lógica da Censura, constituía uma evidente menção à proibida marijuana.

— Aí eu dei uma sugestão: pode ser Diana, a caçadora? Diana perto da "viagem" não é maconha, não é mesmo? — recorda-se, às gargalhadas, pelo absurdo da situação.

E por falar em um quase-absurdo, Alceu avisa que "Luneta do tempo", o musical de longa-metragem iniciado há 12 anos, já está montado, faltando apenas a finalização para chegar às telas em 2012.

Com Irandhir Santos e Hermila Guedes nos papéis de Lampião e Maria Bonita, "Luneta" ainda tem um personagem, Severo Filho (Ari de Arimatéa), que sonha em ser Luiz Gonzaga. O que lembrou Alceu de que o velho Lua completaria seu centenário esse ano. Boa oportunidade para reler a obra do amigo, que conheceu em Juazeiro ("Ele disse que meu conjunto com guitarras parecia uma banda de pifes elétrica") e que gravou uma música sua ("Plano piloto", especialmente encomendada).

Em março, Alceu grava ao vivo, no Marco Zero, o DVD "Lua e eu".

— Esse show já está no meu computador há muito tempo, tenho toda a ordem das músicas — diz Alceu. — Os elementos da cultura que Luiz Gonzaga ordenou e levou para a indústria são os mesmos que eu tenho nas minhas músicas. Ele fala em lua em "Estrada de Canindé" ("que bom, que bom que é/ uma estrada e a lua branca/ no sertão de Canindé") e eu em "Solidão" ("a solidão dos astros/ a solidão da lua"). Será um DVD conectado.

Alceu atenta para o fato de que "esse ano vão aparecer dezenas de pessoas fazendo coisas pra Gonzagão". E pede coerência.

— As coisas têm que ter uma lógica. Eu não participaria, por exemplo, de um DVD sobre Roberto Carlos. Eu o admiro muito, mas não tenho nada a ver com a música dele!

Fonte da foto (Alceu Valença na janela):http://oglobo.globo.com/cultura/alceu-valenca-celebrado-no-carnaval-de-recife-3790532

Fonte do texto: http://www.alceuvalenca.com.br/ Acessado em 1.02.2012 às 07h41.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/alceu-valenca-celebrado-no-carnaval-de-recife-3790532#ixzz1kxYkTtde
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