Uma notícia vinda de Itaituba
confirma que ditadura está implantada na Amazônia, com disfarce de proteção ao
meio ambiente. Um avião Hércules da Força aérea brasileira desembarcou domingo
passado 200 soldados da Força Nacional no aeroporto de Itaituba.
Na segunda-feira mais outro
contingente de 50 militares chegou à cidade. Por que tantos militares em
Itaituba e também em Altamira, onde está sendo construída a hidroelétrica de
Belo Monte? Lá, o governo federal está violando a Constituição e tem tido
resistência das comunidades prejudicadas.
No Tapajós o governo quer
destruir o rio e os moradores da região, inclusive os índios Munduruku para
construir sete grandes barragens. Como os ribeirinhos e indígenas não concordam
com a destruição, a sua expulsão e violação de seus direitos, agora o governo
federal chega com ameaças de repressão armada.
Há poucas semanas a Polícia
Federal chegou armada em Teles Pires, assassinou um Munduruku, e até agora não
foi punida a equipe de policiais assassinos. O pretexto era acabar com o
garimpo clandestino na área, mas a razão velada era manter os índios
conformados com três barragens em construção no rio Teles Pires, inclusive
destruindo sua cachoeira sagrada.
Agora a repressão armada chega
a Itaituba, o pretexto é proteger o meio ambiente, mas razão velada é garantir
a violação da Constituição e os direitos dos povos habitantes das áreas a serem
destruídos pelas sete barragens.
Como proteger o meio ambiente,
se as barragens vão alagar milhares de quilômetros de floresta? Como cuidar do
meio ambiente se grandes empresas estão explorando ouro e destruindo o
ambiente? Como cuidar do meio ambiente se vão interromper a dinâmica normal do
rio? A ditadura voltou a se instalar no Tapajós e a sociedade prejudicada não
pode calar.
O urgente que o clamor dos
habitantes agredidos em sua dignidade, seja levantado e chegar à justiça, às
autoridades e aos órgãos de direitos humanos internacionais. Quem se humilha
paga um preço caro. A diferença entre a ditadura dos militares de 1964 e a do
governo de hoje é que aquela era explícita e assumida e esta é disfarçada e
cínica.
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