Estou aqui, do lado de cá, sozinho, pensando na cultura, e
fico anelando quando juntos estivermos pensarmos na cultura.
Fazer ou criar cultura não é mesmo a mais difícil a ação. O
mais difícil é mesmo o entrave ou melhor, (os) entraves, no plural. Eles são o
que nos desafiam desde os primeiros tempos da humanidade a darmos saltos de
qualidade nesta relação: criador(a) de cultura e a sua continuidade em seu
tempo e espaço ou que ela até avance geografias e temporalidades.
Penso que os entraves antes de tudo são o que oscilam ente o
que “todos” proclamam de que a cultura é um grande bem social, que sem cultura
não se forma um povo civilizado… que a cultura é o maior patrimônio de um povo,
nação… que a cultura é… e, verdadeiramente, cadê a real atitude em prol desse
reconhecimento? Temos que sair do logos para
o “logo” da materialidade no aqui e agora
– como sinaliza o cantor e compositor Gilberto Gil em uma de suas joias
– a música “Logos versus logo”.
As pessoas – se quiserem, poderiam cultivar as várias formas
de cultura, até porque é muito vasta a dimensão do que é cultura. Mas, da
cultura que acredito estejamos nos referindo – precisa fazer parte da cesta
básica da cidadania. Estar na pauta do dia a dia. Por outro lado é preciso que
seu(ua) criador(a) possa ter os meios (estímulos) de cultivar, dar manutenção,
difundir, divulgar – fazer circular o que produz. Claro, seu projeto deve ser
criativo, bem escrito e bem escrito não é necessário que seja uma obra de
várias dúzias de palavras tão cultas que não estão circulando nas bocas dos
populares e que se precise de dicionários para saber seus significados.
Neste contexto, sobretudo, pode ser uma proposta que tenha
alguns eixos: coerência, coesão, abrangência e emergência temáticas. Até
porque, nas mídias –, existe um sem-número de produtos que tem outra
orientação, desejo, finalidade, destino, destinatário, etc. Enfim, o
entrosamento entre criadores(as) deve ser permanente e aprimorado, etc. E deste
processo pode vir algo para além dos “entreves”, quer em nome das leis de
incentivo, patrocínio, subvenção, parceria, apoio, fomento entre outros
instrumentos.
Finalmente, penso que se deve abrir o debate sobre Cultura e
sua importância como ação e força pedagógicas para a transformação social,
melhoria da civilidade, da ternura e pela construção de uma cultura de paz,
justiça e pela sustentabilidade planetária - e sem deixar de alegre, criativa,
participativa, civilizatória e sem que para isto, ser panfletária, de difícil
acesso, que precise de auxílio de um bom dicionário ou de fácil descarte.
Enfim, a cultura que era só um produto para o
entretenimento, informação, autoformação, formação – vem sendo pensada como
estratégia de outras dimensões, apropriando de outros conceitos e
possibilidades. Por exemplo, vir a desempenhar papel de relevância nas gestões
públicas, na cultura como bem e meio para a economia desde o seu
desenvolvimento local e desdobrando para além de suas dimensões lúdica,
simbólica e cidadã e se configurando no seu espectro antropológico, ou seja, o
que se vai construindo ao longo das ações humanas, na sua interação social,
entre os mais rudimentares, populares, cultos, eruditos ou acadêmicos fazeres,
afazeres e saberes.
Tomara que logo-logo ampliemos os espaços de discutirmos e
refletirmos sobre Cultura. O que é, o que pensamos, o que queremos, que
políticas públicas de cultura compreendemos representar o que desejamos venha a
ser diretrizes, planos e ações para a Cultura e assim por diante.
Realmente, sozinho, pensar cultura é muito solitário. Pensar
junto tem uma dimensão de prazer, compartilhamento, inclusão, maturidade,
diversidade e... O que construirmos será uma reflexão coletiva e uma prática
multicultural.
Que a Cultura seja um item indispensável na Cesta Básica
Cidadã!
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