quinta-feira, 13 de março de 2014

RÁDIO KIRIRI CRIA NOVOS CONTEÚDOS DIRETO DA ALDEIA MIRANDELA

Ativando a comunicação, uma nova etapa de oficinas radiofônicas acontece na Rádio Kiriri até 1º março, no sertão da Bahia

No ar desde 2012, a Rádio Kiriri transmite direto da Aldeia Mirandela, no sertão da Bahia, distante pouco mais de 300 km da capital Salvador. Entre os meses de fevereiro e maio, a Rádio Kiriri realiza o 2º Ciclo de Oficinas Radiofônicas com formação para produção de conteúdos informativos, educativos e culturais na Aldeia Kiriri com apoio da Assessoria de Culturas Digitais da Secretaria de Cultura da Bahia (SecultBA). A primeira etapa de atividades, que vai até 1º março, começou no último dia 23/02.

A rádio recebeu o transmissor e as primeiras oficinas de formação pela parceria com o Coletivo Rádio Amnésia e o apoio do Programa BNB Cultural. Os conteúdos produzidos nesta primeira etapa são distribuídos em outras rádios e pela internet, no site da Rádio Kiriri (http://radiokiriri.wordpress.com). São vinhetas, spots e música indígena que trazem mais diversidade para a nossa comunicação.

A Rádio Kiriri transmite em baixa potência e é uma experiência que tem transformado o cotidiano não só da aldeia como de seus vizinhos. O locutor Gilberto Kiriri relata que pequenos comerciantes locais têm procurado a rádio para anúncios e noticias. Seja para comunicar uma reunião da comunidade indígena, transmitir uma partida do futebol da aldeia, informar sobre o calendário da escola indígena ou espalhar que a tapioca e o mel estão sendo distribuídos; a rádio está no ar!

Nesta fase, a programação da Rádio Kiriri será complementada por uma nova etapa de produção de conteúdos com vinhetas, spots, entrevistas que irão circular na rádio e também em veículos parceiros, rádios livres, públicas e comunitárias.

A Rádio Kiriri é também uma experiência diferente e inovadora. Não só por trazer uma programação étnica, como pouco se vê na comunicação brasileira, mas, como aponta o produtor do projeto, Sérgio Melo, por ampliar o debate sobre a democratização da mídia e do direito a comunicação a partir do olhar e da interação de outros atores, que “não são especialistas nos debates que vem sendo realizados nessa área, mas podem contribuir com uma experiência viva, independente, e que pode servir de exemplo e estímulo para que grupos adotem estratégias de comunicação integradas a outras formas de organização social”.

Na legislação brasileira, há apenas três anos foi concedido a indígenas e quilombolas o direito de administrarem rádios comunitárias.

A Rádio Kiriri na Aldeia Mirandela, como comunicação indígena livre, é também uma inspiração para outros povos, segundo relata o cacique Marcelo Kiriri, articulador da rádio na Aldeia Mirandela. “Muitos acreditam que só existe rádio em cidades, mas nós aqui na Rádio Kiriri comunicamos com toda a aldeia. E quando a gente fala da rádio com outros povos ninguém acredita, mas é verdade”, afirma.

KIRIRI
No sertão da Bahia, a Terra Indígena Kiriri tem limites com os municípios de Banzaê, Quijingue e Ribeira do Pombal. São cerca de 2.100 índios no território demarcado e homologado desde 1990 depois de um histórico de lutas nos em que os Kiriri expulsaram cerca de 1.200 não-índios da Terra Indígena. Kiriri significa povo “calado”, “taciturno”, mas apesar da linguística, tem levado sua voz cada vez mais longe, através das ondas do rádio!
 
Imagem inline 1
RADIO KIRIRI
 
 
2º Ciclo de Oficinas Radiofônicas na Aldeia Mirandela
 
CONTATO – Thais Brito | Ass. de Comunicação | kiriri.webradio@gmail.com / taisoueu@gmail.com | 71.9278.9778
Fonte: Grupo ANAIND

Nenhum comentário:

Postar um comentário